MANAUS (AM) - Aos 2 anos de idade, a pequena Maria Júlia Casanova Lopes começou a dar os primeiros passos na dança, como aluna da Academia Francine Jelaleti, em Itacoatiara. Foram esses pequenos, despretensiosos e inocentes passos que permitiram a conquista da vaga para estudar dança clássica na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, a partir de 2025. Aos 8 anos, ela é uma das 40 crianças selecionadas para estudar na instituição, reconhecida como uma das melhores do mundo e única filial do famoso Teatro Bolshoi da Rússia. 

Em uma seletiva extensa, que reuniu mais de três mil crianças do país, Maria Júlia chegou a concorrer com 77 crianças pela vaga. O sonho de estudar em uma das maiores escolas de dança do mundo teve início após a participação da menina na seletiva regional, promovida pelo Instituto Cultural Brasil Estados Unidos (ICBEU-Manaus), em fevereiro deste ano. 

Pela primeira vez, a equipe da Bolshoi fez uma seletiva regional na capital amazonense, em parceria com o ICBEU Manaus. Maria Júlia foi uma das quatro alunas selecionadas para avançar na disputa por uma vaga e concorrer em nível nacional. 

Para Baldoino Leite, supervisor da Art School do ICBEU e um dos responsáveis pela parceria, o resultado é o melhor possível. “Quando nós trouxemos a Escola do Teatro Bolshoi para Manaus, nós queríamos dar oportunidade às crianças e aos adolescentes, garantir que eles tivessem essa chance. E a Maria Júlia mostra para a gente que valeu à pena, que a dança no Amazonas precisa e merece ser vista”, enfatizou. 

A seleção nacional aconteceu em Joinville, na sede da escola, nos dias 18 e 19 de outubro, onde Maria Júlia foi acompanhada pela mãe, Siula  dos Santos Casanova. “Foi muito emocionante ver que ela, tão pequena, já está colhendo os frutos dessa dedicação à dança. Durante a seleção, ficamos nervosos, mas a experiência foi incrível para mim e para ela. Agora, iniciamos uma outra fase, que é viabilizar esse sonho”, contou a mãe. 

Maria Júlia é manauara, mas foi morar em Itacoatiara, onde se encontrou com a dança, devido ao trabalho do pai, o servidor público Ramys Lopes. “A dança é uma coisa espontânea dela. Ela curte, gosta. Não é nada forçado. Ao longo desses anos, ela vem se destacando. Nós, como pais, deixamos fluir e ficamos muito felizes de ver esse resultado”, disse o pai da menina. 

Academia Francine Jelaleti

Quando soube que a Escola do Teatro Bolshoi faria uma seletiva em Manaus, a professora de dança e bailarina Francine Jelaleti mobilizou os pais para que as suas alunas pudessem participar. Das sete representantes inscritas na etapa regional, duas foram escolhidas para concorrer a nível nacional. 

Desde 2010, a Academia está em funcionamento no município de Itacoatiara, desenvolvendo diversas modalidades da dança. Na unidade, Maria Júlia estuda três modalidades: dança do ventre, jazz e balé. “Eu estou muito orgulhosa e feliz por saber que ela vai ter uma formação completa, que vai além, com muitas oportunidades, um ganho artístico gigantesco, além de experiências dentro da dança e da música”, explicou Francine. 

Como uma das mentoras de Maria Júlia, Francine destacou a importância de a seletiva ter acontecido em Manaus, o que deu a oportunidade para que ela trouxesse as alunas. “Sou muito grata ao ICBEU por trazer essa oportunidade para o estado, tendo sido uma oportunidade gigantesca para nós, profissionais da dança, para as escolas e também para as bailarinas e bailarinos que sonham com um voo mais alto”, afirmou. 

Processo Seletivo

Na seleção final, a Escola Bolshoi recebeu 387 candidatos para escolher quem seriam os novos alunos, na sede da escola. Foram duas etapas, a médico-fisioterápica e a artístico-musical. 

No primeiro momento, os médicos e professores de educação física analisaram postura, estrutura e habilidades físicas, motoras, frequência cardíaca e respiratória, percentual de massa corporal e somatotipo, força, musculatura e articulações. Os aprovados nessa fase seguiram para a parte artística-musical.

A etapa foi conduzida por profissionais da dança, músicos e professores, que  avaliaram as habilidades técnicas e artísticas, musicalidade, flexibilidade, projeção cênica e também o desempenho intelectual dos candidatos.

Aprovados para 2025

Os aprovados serão bolsistas, com 100% de gratuidade e recebem benefícios como alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional, assistência médica de emergência/urgência pré-hospitalar e todo o ensino técnico da dança. Os alunos recebem educação, aprendem uma profissão, exercitam responsabilidade e constroem cidadania.